quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Sobre a noite

Eu gosto do jeito como a noite vem. Leve, mansa e totalmente desconhecida. Parece que fomos feitos para vivermos juntos, eu e a noite, numa valsa infinita onde há espaço para mais alguém, só que caso esse outro alguém falte, a lua ocupa seu lugar.
O vento que bate em meu rosto em todas as noites que caminho sem estrada certa, me sinto vivo, esse vento gélido que bate às costelas, que quebra o medo e abre um sorriso, esse vento que tanto espanta muitos, me atrai. E eu corro. Corro para acompanha-lo e ainda ouso dizer: “ó seu vento, me espera, deixe que consigo voar também”. Esse vento me lembra como é viver, como é correr pelos sonhos....
Então, caro leitor, a noite é por si só completa, a lua é a melhor companheira. Junto ela temos as estrelas que me guiam nos passos incertos, esta bola que exala luz clareia o fim da reta, e mesmo quanto todos se vão, quando todos não podem mais ficar, lá está ela. A lua, suas filhas e o velho amigo, todos dançando contigo, escutando as lamúrias que o dia traz.
E aí está mais uma ótima qualidade deste estado diário, seus ouvidos são de veludo e sua boca conselheira. A noite, a bela noite, escuta os defeitos dos afortunados, dos amantes, ela guarda os mais doces e profundos segredos dos que ousam despir em sentimentos. A noite, meu caro leitor, é o deleite que todo amante gostaria de ter.
É na noite, inclusive, que os amantes se libertam, que os poetas nascem novamente, é na noite que os medos são exorcizados. A noite, em toda sua beleza e complexibilidade, traz a vasta paz. Quem na noite se encanta, encontra o descanso mais esperado, encontra a cama que aconchega e o ar fresco do suspiro.
É na noite que me encontro, que funciono.

No dia, ah, no dia eu preparo o ensaio que na noite se tornará um espetáculo.
Igor Passos

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