Quando mais novo, olhava pela janela e desenhava em minha
mente todas as formas que gostaria de ver nas nuvens, olhava as pessoas e
imaginava seres desconhecidos que a noite dançavam, beijavam e se amavam. Fui
crescendo e vi que as coisas não eram tão simples assim. A dança existe, mas em
outro sentido, o beijo existe, porém antecede o escarro (já dizia nosso grande
amigo Augusto dos Anjos). Porém, hoje, voltei a olhar a janela e percebi que o
amor, que o afeto é muito maior que eu por tempos pensei.
O amor se concretiza na bondade, nos bons atos. O amor é
muito mais que flores ou chocolates. O amor está presente no ouvir, no cuidar,
no querer bem. Esse sentimento, ou melhor, estado de espírito pertence a todos,
é só questão de ser. Amar é sair e ver beleza naquele poste de luz que ilumina
uma ruela vazia, amar é sentir o abraço que o vento manda, é dar bom dia a um
desconhecido. O ato de amar se concretiza naquela conversa na fila de banco com
aquele moço que você nunca viu e nunca mais verá.
Amar, meus caros, é saber olhar aos olhos e ver a alma e não
os defeitos, é saber aceitar que o modo errôneo de alguns camufla um grande
triunfo de qualidades. Amar é não cobrar nada, é simplesmente ser feliz consigo
mesmo e mostrar isso ao mundo. Não há distinções enquanto se ama. Não há medo,
e caso esse apareça, converta-o em um sorriso.
Dentro do amor cabe-se tudo, mas é preciso paciência e isso
é amor também. O amor se configura nas virtudes.
Quando se fala de amor não se fala de moral (diga-se moral
filosófica, aquele tal conjunto de regras que rege o social), mas sim de ética.
É a reflexão sobre os atos, é a reflexão sobre
o bem comum. O amor é a felicidade que cresce no peito ao ver o próximo
bem.
O amor, por fim, é a mais bela das virtudes. Quem ama nada
teme, nada perde. Tudo ganha. Amar é ver no próximo que o mundo é um todo e não
uma parcela. Amar é a capacidade de aceitar o outro sem olhar aos defeitos, é a
capacidade de ver beleza até mesmo em uma sacola que voa sem sentido.
Amar é o mais profundo estado de espírito, em que o ser
humano pode compartilhar o céu em apenas um abraço.
Igor Passos
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