domingo, 10 de agosto de 2014

Post 71 - Ao amor que há de ter um fim, e que rápido se dê.

Acontece que não esperamos pela perda, nunca esperamos pelo fim. São estes tão duros que se assemelham a diamantes: rígidos e longe de nosso toque. Porém ela vem, a perda, acompanhada de sua mãe: a dor.
Desde muito novo, pegava-me a vislumbrar a dor alheia, achava linda, abstrata e causava um real sentimento nas pessoas, suas palavras se tornavam verdadeiras e tudo parecia real, a dor era o único sentimento que causava vida, era o único que era sentido de verdade, com intensidade.
Era belo, belo até o dia em que acomodou-se em meu peito. Ainda misturado com essa droga que é o amor. Desilusões amorosas já tive aos montes, mas essa... Essa fora diferente e venho a vós explicar.

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Tudo começa da melhor maneira, as rosas desabrocham, as borboletas voam em disparada em teu estômago, o coração já não cabe no peito, porém vivemos em um mundo imperfeito, onde vivemos num amontoado de individualismo, pessimismo. 
E não fora diferente, durou muito, porém acabou. Fim. Morte. E depois disso concluo que esse amor que tanto idolatram, assemelha-se a uma rosa: nasce linda, todos querem tê-la por perto, mas com o tempo vai morrendo, vai cansando de ficar ali, paralisada e simplesmente morre. Floresce para outro mundo. E o amor é assim, quando morre, dá espaço a dor, a angústia.
O que me pergunto é exatamente isso: quando vai passar? E será que conseguirei fazer jus a minha promessa feita no meu aniversário de 13 anos? Aquela em que prometi fechar meu peito a mim mesmo?

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Eu tinha apenas 14 anos, era muito novo e já achava que sabia muito, porém tolo eu, não entendia nada. Nem hoje entendo. Apareceu-me em forma de anjo tal ser. "Amigos" eu disse a mim mesmo, porém fora como blasfêmia e o pecado teve seu castigo. Dobrei-me de amor, caí-me sobre seus pés e hoje, quase três anos depois sinto o peso da mão da perda. Fim. Exílio. Nossos mundos, antes únicos, hoje se partiram em vários, cujos não se cruzam, cujos não se encontram, mesmo nessa cidade tão pequena. Mesmo quase sendo vizinhos.

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Parecia que a utopia era só uma palavra, mas hoje se tornou realidade. Aquela noite de quarta feira, um céu tão diferente e eu senti a perda. Estávamos em planos diferentes. E eis que a contradição se fez carne: o melhor dia da minha vida se tornou o último, não meu último, mas o nosso último. A dor no ônibus ao som de "canto dos malditos na terra do nunca" invadia meu peito e eu sabia: era o fim. Meu caro, querido ex grande amigo, acredite: a cima de qualquer amor, eu sou grato a ti por tudo. As palavras são falsas em grande parte dos memoráveis dias, mas estas quais eu jogo nesta página em branco, são sinceras, aliás, essa dádiva da sinceridade você me ensinou.

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Já que de ensinamentos falamos, digamos que você foi o melhor dos professores. A vida, o planeta, as estrelas, tudo isso aprendi contigo. A filosofia que hoje carrego, os sonhos realizados... As conversas, as blasfêmias... Tudo carrego no meu memorando de lembranças. Porém e tu? Tive que deixar ir. Ensinara-me isso também: temos que deixar ir. Tudo tem um fim, recorda-se? Infelizmente esse foi meu fim.

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"Acompanhe o pássaro, mas não atrapalhe o voo, não tente olhar com as mãos." E assim eu sigo. Espero que tenhas o melhor, pois essa fora minha promessa. Espero também que um dia nossas cordas novamente se interlacem, num dia de outubro qualquer. 
E a cima de tudo: o que eu senti(sinto)(sentirei?!) é verdadeiro, mas colocarei no lixo. Para ter algo sempre precisaremos abrir mão de algo e isso eu farei. 
Nunca se esqueça: os dias que ao teu lado passei foram os melhores, inatingíveis pelo tempo, estão cravados em min'alma.
Igor Passos

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