sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Nem toda flor tem no fim um belo cheiro.

Diga-se de passagem que o que sentimos se embrulha dentro do peito. O sentir é complexo, dependemos de algo mais, uma soma inacabada é o que somos.
Mas no fundo, o que é o sentir? O amor? Tudo, aparentemente, é rosa, leve e até mesmo soberbo, só que ao fundo tudo é algo mais. Há, ao amar, uma doação, uma descoberta. Tudo se transforma, não somos mais os mesmos. Como uma borboletas entramos em mutação, adentramos em um casulo.

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Doar-se ao próximo é uma missão árdua, sair de nossa zona de conforto é algo que assusta, mas, às vezes, o fazemos. Encontramos no próximo aquilo que tanto nos falta, só que uma ponte se abre: o querer não é poder. A dor consome o homem, a angústia do platônico. Porém há luta, há força e resistência, até quando as pernas são quebradas, ainda queremos lutar. No momento mais baixo da paixão, o blues e a poesia se transformam em heavy metal e realismo; transforma-se em traição de Capitu.

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E existe uma grande falta, mesmo sem ter sentido, mesmo sem ter tocado, há a falta do idealizado. Mas mesmo com essa abstinência as coisas se tornam belas. As cores são intensas, como uma viagem de LSD, o vento não faz frio, mas abraça. Cada segundo boa como um jato e a alegria invade o peito.
Mas mesmo assim, no fim, a tristeza invade o peito. Talvez  um sentimento de incompetência. Talvez sejamos predestinados a isso: a solidão; movidos a objetos vazios de afeto.

Igor Passos

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