sábado, 24 de agosto de 2013

Caro alguma coisa...

Caro alguma coisa, Venho através dessa carta para contar-lhe (ou jogar-lhe, escolha ao fim o termo adequado) aquilo que acontece, não o que anda acontecendo, nem o que acontecerá, mas o que acontece, no dia de hoje, de ontem, de amanhã. Um presente, passado e próximo futuro. Todos dizem que um dia encontraremos uma alma gêmea e as rosas florirão, o ar se tornará puro, o cinza se converterá em tênue laranja e a vida parecerá melhor, mas sinceramente, acho que isso é coisa de romance americano, ou de pessoas estereotipadas. E convenhamos, não sou e nem vejo alguém que se enquadre nisso tudo. Pode-se existir esse tal de amor e alguém que te queira ver às manhãs, que queira cinema e parque aos fins de semana, mas nesses tempos atuais onde as mentes vagam num universo paralelo de trabalhos e ganhos, acho que isso é coisa de 60 e 80. Vivemos numa era em que o trabalho é mais importante que a profissão e a profissão mais importante que o conhecimento e isso gera essas esquizofrenias que vemos por aí. Falsidades, adversidades e toda essa meleca que assistimos ou lemos a cada vez que ligamos a TV/computador. Vivemos em uma sociedade líquida, posso comprovar isso, veja: Voltando ao tema inicial dessa cartinha “amorosa”. Quando se gosta de alguém, qual é a primeira coisa a se fazer? Abrir o facebook e conferir tudo que se pode, sim, stalkear. E se você vê essa pessoa pessoalmente, passa direto e finge que nem vê, eu finjo que não vejo... Mas afinal, o que isso tem haver com minha crença na paixão ou não? Simples: Querido amigo receptor desta epistola, por vivermos nesse lugar aglomerado de sistemas líquidos, perdemos, assim como cita Baumam, que os meios físicos estão se perdendo, como esse mesmo diz em uma entrevista: é fácil ter 1.000 amigos em uma rede social, mas pessoalmente, quem realmente conhecemos? E isso acaba afetando minha crença na paixão. Sou dos antigos, gosto dos sabores e dos cheiros, gosto dos livros e das películas e isso acaba não chamando a atenção, como já disse em um de meus escritos antigos: isso acaba não chamando a atenção de ninguém, a beleza e o status acabam atraindo mais. Por isso acabo desacreditando na paixão de carnes. Ainda amo a vida, ainda amo os livros e os filmes, agora as pessoas... Eu as amo, mas quando isso acontece, quase sempre, não é recíproco. Desfalca o ser, estupra o coração, isso de amar e ser jogado as traças acaba machucando tanto que prefiro acreditar no amor líquido, sabe, amar no facebook e frente a frente fingir nem conhecer. Mesmo tão confuso acho que consegui dizer (ou obrigar) o que queria passar. Eu digo que tentei, mais de uma e mais de duas, mas parece que a vida líquida venceu, e meu pobre coração acabou se tornando puro clichê como essa carta que acabo de enviar-te. Espero que não se assombre e nem se espante, acho que isso será entendido por poucos, no caso você. Enfim, um forte abraço. (mas eu digo, eu realmente tentei). Com amor, Igor.

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