sábado, 13 de setembro de 2014

Um verso qualquer escrito num intervalo de tempo que bem... Não deveria ter existido.

Para ele o mundo se resumia em coisas,
para ela, em vidas.
Ele queria conhecer Paris, França, Nova York e Londres.
Enquanto ela se prendia em conhecer a essência daquilo que chamavam de vida, de ser.
Para ele, os dias eram longos e casmurros. 
Para ela, cada segundo voava como uma flecha que acerta o peito do pecador. 
Eram curtos e importantes e magníficos, pois eram únicos.
Ele saia com intenção da aparência.
Ela, com o viver com a intenção de sentir o gosto dos frutos desconhecidos.
***
Enquanto ela ia ao cinema,
Ele perdia o tempo fotografando aqueles seres mortos em cima de uma passarela.
Enquanto ela lia Kafka,
Ele lia Vogue.
Ela se perdia no emaranhado dos surtos de Crystal Castles.
Ele nem se perdia, pois tudo que escutava o levava para o mesmo ponto.
***
Ela era poesia
Enquanto ele era um vidro vazio.
Ela era oceano,
Enquanto ele era rio.
Ela o queria
Enquanto ele apenas a usava.
***
E no fim ela mudou-se e constituiu um novo sentido
Ele continuou no ponto onde fotografava os mesmo seres
diariamente
Reclamando da vida importuna.
Enquanto ela chorava nos seus caminhos por não o ter
Conseguido junto levar.
***
Ele estava ao rumo de norte 
No mesmo instante que ela estava voltando ao sul.
Ela estava perdida.
Ela estava regredindo ao início.
E ele apenas a deixou ir.
sem nem ao menos tentar entender
ou conhecer
aquela importuna garota.
Ele perdeu a chance de sua vida.
***
E o fim dos dois não foi um romance francês.
Ela morreu de amor,
Enquanto ele de overdose.
E ele até hoje não compreende.
O tanto que perdera
Enquanto ela se calara
e o medo lhe subia a cabeça
por tantos outros errôneos relacionamentos.
Ela o deixou partir.
Pois tinha medo de quebrar-se em três novamente
E ele ficou sem a vida
Sem a alma
Sem nada
Continuou um escrúpulo imoral e vazio.
Achando que tudo tinha
quando no máximo
não tinha
nem um palito de fósforo queimado.
Ele não tinha o tempo
enquanto ela tanto o possuia.
Ele a perdeu. Assim como ela
nem ao menos saiu
de sua comodidade
para mostrar
o universo que se seguia
na beira de seus olhos.

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