domingo, 15 de junho de 2014

Pois hoje a vida é água, amanhã já se torna fogo e num dia qualquer tudo se desmancha para se encontrar de novo.

Há um semblante de diferença entre o idealizado e o realizado, entre o que somos e o que queremos. O mundo por si próprio já traz-nos essa ambígua dúvida de vida, o que por final, seremos no amanhã que surge no horizonte? Prevejo meu futuro, tento ser calculista, mas mesmo assim nada vejo. Talvez sejamos apenas a soma dividida das ações que num determinado presente realizamos. Porém, e o restante? Quando crianças montamos em nosso imaginário um relicário perfeito de profissões, famílias, cachorros e passeios. De oceanos, de martes, de planetas que no futuro, ora bolas, nunca visitaremos. E esse imaginário com o tempo vai se desvaindo, desmanchando como nossos desenhos na parede, nossas sandálias que perdemos, nossos primeiros cadernos que rasgamos. Talvez isso seja a realidade: um amontoado de peças de lego, resistentes ao tempo mas não a memória. Talvez estejamos sujeitos ao esperar da carruagem, mesmo sabendo que a Cinderela não era a mais pura santa de todas as princesas… Quando jovens idealizamos a revolução, e por aí mudamos totalmente os mundos criados no nosso minúsculo castelo de lego. Fazemos um vendaval num pequenos espaço de tempo, para em um determinado momento pararmos e vermos que não somos nada. Pensar se vale a pena ser o que é ou deixar-se levar pela maré em que se há firmeza do solado. Pois bem, a vida deve ser isso: afortunados serão aqueles que certezas tiverem, tanto na vida financeira, quanto amorosa, familiar e em todas as diversas áreas que seguem. Pobres daqueles que ousam perder-se em sonhos, sonhos resgatados da infância. Será que eles conseguirão adquirir paz interior?
O mundo é um emaranhado cheio de fios de ligação, onde estamos sujeitos a questionamentos. Pois hoje a vida é água, amanhã já se torna fogo e num dia qualquer tudo se desmancha para se encontrar de novo. Mesmo acreditando nas cartas e nos búzios, na clarividência e no amor, ainda tenho medo, pois eu vivo a incerteza de meus atos sem saber se a vida hoje é em marte ou simplesmente numa estrada mal trilhada que estou construindo.
— Igor Passos 

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